APRESENTAÇÃO

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quarta-feira, 30 de março de 2016

TOMAR É MESMO UMA CIDADE CULTURAL?

Carlos Carvalheiro 

 Há mais de dez anos (2003 Set 27) escrevi este texto para ser lido na Rádio Hertz. Pergunto-me se será útil relembrar-me dele…
 Tomar é mesmo uma cidade cultural?
 Tem sido cada vez mais veiculado que Tomar é uma cidade cultural. Eu próprio tenho ajudado a divulgar esse conceito. Mas aqui para nós, que ninguém nos ouve, corresponderá isso a uma realidade ou a um desejo?
 Há uns anos (e falo de 20 anos), quando começou a haver uma variada ativação de manifestações culturais em Tomar, era audível na cidade a opinião de que a cultura estava ligada aos comunistas e que, portanto, os verdadeiros motivos de quem desenvolvia actividade cultural, eram outros e naturalmente mais sombrios. O tempo demonstrou que essa opinião estava errada: quem se dedicava e dedica às actividades culturais é bem pior e mais persistente que essa rapaziada crente que um muro como o de Berlim é um garante de liberdade.
 Porque, contrariamente a estes, que pretendiam uma organização social centralizada no Estado, moralista e moralizadora do comportamento do cidadão, enquanto forma de regular e regulamentar a sociedade, os activistas culturais têm conseguido fazer mover o poder local, sem dúvida a reboque, mas a mover-se, no sentido de tornar Tomar numa cidade cultural, ou seja, diversa, ecuménica e potenciadora da melhoria da qualidade da vida, material e espiritual.
Claro que isto, dito assim, poderá provocar o comentário de que presunção e água benta cada um toma a que quer. E, no entanto, esses que se posicionavam contra a actividade cultural, e alguns há ainda vivos e vivaços, já não se atrevem a dizer em voz alta ou a escrever por outras palavras que quem anda nisto da Cultura ou é comunista ou paneleiro ou puta ou drogado ou tudo junto.
 Hoje em dia fica bem falar bem da Cultura. E ainda bem.
 Só que os senhores que mandam nisto, e estou a falar dos que foram eleitos, levam anos de atraso neste assunto da Cultura. Já perceberam que a questão cultural é incontornável em Tomar. Mas insistem em não se envolveram paritariamente com quem anda no terreno e olham para a Cultura como uma ferramenta ou um trampolim ou um meio para o exercício do poder. Ainda falta o seu tempo até perceberem que a Cultura é um fim e é o Poder que é uma ferramenta ou um trampolim ou um meio para o atingir.

 E então, Tomar cidade cultural é uma realidade ou um desejo? As duas coisas. Mas é isso que é bonito nas utopias.

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