António Pedro Costa
Portugal iniciou o processo de
divisão administrativa do seu território em 1835. Foram criados 18 distritos,
que ao longo dos tempos sofreram alterações. A mais notória foi a extinção do
Distrito de Lamego, que deu lugar ao Distrito de Viseu. Desde então, apenas
foram extintos os governadores civis, situação levada a cabo pelo anterior
governo.
Nos tempos que correm, é
perfeitamente discutível e até oportuno discutir as regiões administrativas do
país. Como defensor da regionalização, não posso deixar de pensar que a
perspetiva geográfica de Tomar, bem como os seus interesses económicos e
sociais, devem ser repensados. Os
distritos foram limitados e ordenados consoante as condicionantes da época em
que foram criados. As consequências dessas condicionantes têm sido superadas ao
longo dos tempos através das comunidades intermunicipais (antigas associações
de municípios). Estas promovem um núcleo de municípios, identificados e
agrupados por interesses comuns e vantagens económicas, culturais e sociais.
O caso de Tomar, cidade que pertence
a uma Comunidade Municipal do Médio Tejo e da qual também fazem parte concelhos
do distrito de Castelo Branco (Vila de Rei e Sertã), insere-se num contexto que
deve ser muito bem reanalisado.
Atualmente,
graças às novas vias de comunicação, conseguimos estar em Coimbra após 45
minutos de viagem (mesmo pagando caro as portagens) ou em Leiria em mais ou
menos o mesmo tempo
Com as novas vias de comunicação,
estar em Coimbra após 45 minutos de viagem (mesmo pagando caro as portagens) ou
em Leiria em mais ou menos o mesmo tempo, é uma realidade. Este evidência pode
ajudar-nos a questionar se Tomar é de facto uma terra ribatejana nos tempos que
correm ou não.
A vegetação do
seu território, onde o pinhal e o eucaliptal são as espécies predominantes nas
zonas rurais do concelho, talvez comprove a identificação da região de Tomar
com a parte mais central do país do que com a parte mais para sul/sudoeste (campo
semeado e lezíria).
Os interesses económicos do distrito
de Santarém em pouco se identificam com os do Município de Tomar. Como já
referi, hoje em dia, qualquer cidadão tomarense tem facilidade em deslocar-se
para Leiria ou Coimbra. Os serviços prestados nestas cidades são muito mais úteis
ao cidadão comum tomarense do que propriamente os prestados em Santarém. A
título de exemplo, a saúde em Coimbra.
Quiçá, estas zonas de afluência sejam
mais pertinentes e possa existir um interesse económico comum entre Leiria e
Coimbra. Isto leva a pensar na zona industrial. Repensar tudo não será o ideal,
mas pensar em novos polos industriais nos limites oeste e norte do concelho
poderia ser uma forma de atrair investimento e fazer crescer economicamente a
região.
A discussão sobre todos estes fatores
é importante e é também certo que este tipo de questões terá muita mais
importância se existir uma vontade séria em discutir a regionalização.
Esperemos que a teoria da descentralização defendida pelo primeiro-ministro
António Costa seja debatida no parlamento. O país necessita de consensos nas
decisões administrativas e é necessário que os partidos tradicionalmente do
arco do poder se aproximem e estabeleçam políticas bem estruturadas quanto à
administração do país, possibilitando uma descentralização equilibrada.
Todos nós podemos refletir e
antecipar os resultados da descentralização. Fazer um debate sério e pensar no
que, de facto, é o melhor para o concelho de Tomar será um passo importante
para um município mais próspero e com crescimento económico. As crises também são
oportunidades e, em tempos, Tomar teve a sua influência na região. Repensar
como se reganha esta importância é uma responsabilidade que cabe a todos os
quadros políticos locais, mas também à sociedade tomarense. O que queremos?
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