APRESENTAÇÃO

“A TERRA DE QUE A GENTE GOSTA” é expressão que nos agrada. É sentida e é profunda, e é adotada como a ideia força de “TomarOpinião”.

Pretendemos oferecer críticas construtivas e diversificadas sobre os valores, as coisas e as atualidades da nossa terra, e não só. Pretendemos criar um elemento despertador de consciências e de iniciativas de cidadania, e constituir uma referência na abordagem descomprometida desses valores, dessas coisas e dessas atualidades.

Queremos, portanto, estimular o debate, de temas e de ideias, porque acreditamos que dele podem resultar dinâmicas de cidadania, que alicercem mudanças que por certo todos aspiramos.

“TomarOpinião” será um blogue de artigos de opinião e um espaço de expressão livre e responsável, diversificada e ampla.

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terça-feira, 1 de março de 2016

HERANÇAS

Se Gualdim Pais é carne, ferro, território e cidade, Iria é espírito, devoção, povo e nação.
É esta diferença que faz a diferença entre o 1 de março e o 20 de outubro.
Se em outubro, em pleno outono e a caminho do inverno se faz sentir o calor de uma celebração que é identitária de uma comunidade, já em março, em finais de inverno e a caminhar para a primavera, o que se sente é frio celebracional, pesem embora muitos e vários esforços para criar ambiente.
O problema do 1 de março é o seu cariz pouco popular, pois criado por decreto há algumas décadas, alterando o feriado municipal do dia da Padroeira para o dia do Fundador.
Em outubro há feira, pessoas e procissão; em março há desfile, instituição e entidades singulares ou colectivas.
Será outubro mais importante que março?
Não creio. Nem subscrevo.
Porque radicalmente diferentes.
São dois patrimónios irrepetíveis e, curiosamente, oponíveis na sua essência: outubro, de Iria, santa simbólica (Irene e Paz); março, de Gualdim, fero, guardião e comandante de guerra.
Porque os extremos se atraem e complementam.
Todavia, março é também Herança.
De um território que se consolidou, de uma economia que cresceu e se transformou ao longo dos séculos, de ordens religioso-militares que aqui aquartelavam e mandavam noutros territórios, de povos que se sucederam, de povoação com estatuto real, de prioridado com categoria de diocese mundial, de crescimento urbano, de inovação arquitectónica e artística, de personalidades que, na sua singularidade, deram força ao colectivo.
Portanto, ignorando as questões iniciais do território e da nação, de março e outubro, respectivamente, o que interessa mesmo, em cada primeiro de março é saber se somos inequívocos herdeiros daqueles que nos antecederam e se estamos à altura da Herança legada.

Ou se a malbaratamos…

Carlos Trincão

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