Há c´anos era uso os tomarenses aproveitarem o
aniversário citadino para invadirem o Continente de Leiria. Eivado de grandiosa
generosidade, o Ti Belmiro de Azevedo construiu o “Modelo”em Tomar,
infra-estrutura mais iluminadora do comércio do que então as famigeradas aparições
das santas do 14. Abreviando, entrementes a diversidade tem levado o pessoal a
pirar-se no dia do aniversário da cidade para outras metrópoles, Lisboa onde há
um centro comercial a cada esquina, Coimbra porque agora se chega lá mais
depressa do que à Serra de Tomar. Paga-se portagens mas quem usa a Via Verde
nem dá pelo pagamento, pelo menos por uns dias até a via verde amadurecer na
conta.
Dos poucos tomarenses restantes na cidade no dia do
aniversário, alguns filantropos decidem arrastar-se até à Praça da República. Pelo
menos em anos anteriores era assim, este ano não fomos porque nos esquecemos de
comprar uma gravata nova e naturalmente não íamos usar a mesmo do ano passado
por causa dos remoques “Aquele mal enfarpelado nem tem dinheiro para se
produzir”. Também é verdade. A festa vive muito dessa produção visual.
Em anos anteriores, Praça de República palco da festa
de aniversário da cidade, sempre entendemos emocionante o perfilar dos garbosos
cavalos, a meia-lua associativa, o içar das bandeiras nas janelas autárquicas, excepto
as de trás, o senhor executivo camarário a depor a coroa no pedestal de D.
Gualdim. Depois os enternecidos cumprimentos, quiçá com as associações a
segredarem à dona câmara “Não se esqueça de mandar o cheque”. A compor a festa,
os cavalos não se esqueciam de largar umas valentes bostas. Chegou a sugerir-se
trazerem fraldas… os cavalos.
Este arrazoado para compor o atrevimento deste simples
plebeu também poder desbragar opinião sobre as medalhas que alegadamente a dona
câmara devia ter atribuído. Aqui ficam, ressalvadas as outras opiniões
naturalmente mais qualificadas. Antepondo-nos a eventuais divergências, será
curial circunstanciar quanto o nosso destrambelho se deve a vivermos um período
de elevada perturbação mental, atendendo ao extremo de, por exemplo, muitos
tomarenses, onde nos incluímos, ainda não se terem resignado à perda do
Quartel-General (por mais esforços desenvolvidos, ainda não foi possível
encontrá-lo), assim como muitos tomarenses acreditarem no privilégio
sustentável do tesouro dos Templários ainda se encontrar a render juros. Além
disso, vejam lá bem, quem diria, a prestigiada Simone de Oliveira, figura
nacional, intérprete de canções de reconhecido mérito, está a esfolar o rabo da
sua carreira como vendedora do Calcitrin. Falando nisso, em ganhar uns extras, ora
bolas, esquecemo-nos de ir ao casting para a nova novela da SIC, a rodar em
Tomar, calhando aproveitando o cenário da roda.
As medalhas que a dona câmara devia ter
atribuído e seja o que Deus quiser
Medalha munícipe mais popular - A atribuir ao ex-vereador, Carlos Silva, por integrar
todos os grupos de comensais almoçadeiros/jantareiros, nomeadamente os segundas,
os terças, os quartas, os quintas, os sextas, os sábados, os domingos e os feriados.
Medalhas mérito assembleia-geral e orgulho de ser o
último - A atribuir ao deputado municipal,
João Simões, por assumir o cargo de presidente da assembleia-geral de todas as
colectividades e por fazer questão de ser sempre o último atleta a cortar a
meta nas 3 Léguas do Nabão.
Medalha autarca mais honrado - A atribuir a Gabriel Honrado, presidente da Junta
de Freguesia da Pedreira.
Medalha Património da Humanidade - A atribuir aos chocalhos de Asseiceira pela recente
qualificação de Património da Humanidade. Assim sendo, Tomar passa a contar com
duas atribuições de Património da Humanidade, o Convento de Cristo e os chocalhos
de Asseiceira.
Medalha de eficácia e celeridade - A atribuir a todos os serviços municipais que
tornaram possível a intrépida façanha da recuperação do edifício do mercado
municipal ter demorado apenas cinco anos.
Medalha de mérito municipal - A atribuir a todo o cidadão que tem tentado apontar,
tantas vezes sem sucesso, as ratazanas municipais ávidas em perturbar os
serviços da autarquia, em especial os processos, mais ainda quando estas
ratazanas ruminam por debaixo da mesa.
Medalha de mérito de produtividade - A atribuir aos técnicos superiores que a dona
câmara se deu ao luxo de colocar na prateleira, sendo reconhecido a estes
técnicos o zelo de não cometerem agora qualquer erro ou omissão na prestação do
superior serviço que lhes foi retirado.
Medalha que afinal era falsa – A atribuir ao empresário indiano que
pretendia investir quase dez milhões de euros na construção de uma destilaria
em Tomar mas desistiu do projecto porque não sei quê, não sei quantos.
Nota - Para o ano quiçá haverá mais se a
comemoração do aniversário da cidade ainda teimar em persistir.
Mário Cobra
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