Carlos Trincão
O suplemento Fugas do diário Público de hoje, sábado, dia 11,
inclui uma reportagem sobre Valência e as suas “fiestas”anuais: as Fallas de Valência, referindo que as mesmas são
festa de Interesse Turístico Internacional e candidatas a Património da
Humanidade da UNESCO.
Conheço relativamente bem as Fallas de Valência e
considero-as, de facto, merecedoras da distinção universal tal o empenho
popular, a organização por bairros, a eleição da “Fallera-Mayor” e o relevo que lhe é dado na cidade desde o momento
da sua eleição até ao fim de festa, todo o trabalho em torno dos espantosos
monumentos em “papel-carton” que
ardem na noite de 18 para 19 de março e que desaguou numa próspera indústria
com criativos a trabalharem nas propostas de um ano para o seguinte, as cinco
intermináveis procissões simultâneas da “Ofrenda”
à Virgem, a multidão de visitantes que entopem os acessos e esgotam os
comboios, a estrondosa abertura que parece não acabar e faz tremer o chão com
os foguetes e demais panóplia pirotécnica diurna, ao meio-dia em ponto, as “carpas” e as permanentes refeições
comunitárias de bairro. E tudo o mais que uma festa tem e não é possível descrever.
A consideração das festas populares como Património Mundial
Imaterial da UNESCO só foi possível depois de um processo levado a cabo por
várias cidades da bacia euro-mediterrânica, entre as quais Tomar a convite da
Representação da UNESCO em Portugal, denominado “Les Fêtes du Soleil”, com
supervisão da própria UNESCO, do qual resultou, entre outros produtos, a
denominada “Carta das Festas”, na prática a solicitação fundamentada à UNESCO
do alargamento do conceito de Património Mundial Imaterial às festas populares.
Este processo decorreu entre 1986, lançado na Presidência de
Pedro Marques, e desenvolvido e concluído em 2001, na Presidência de António
Paiva.
Depois disso, não houve Presidente da Câmara que não
afirmasse que se estava já a trabalhar no sentido da candidatura da Festa dos
Tabuleiros a Património Mundial Imaterial, pois que Tomar estivera naquele
processo precisamente por causa da sua Festa Grande.
Há relativamente pouco tempo, a Presidente Anabela Freitas
voltou a tocar no assunto dizendo qualquer coisa como isto: vamos tratar do
processo da Candidatura a Património Mundial, mas antes teremos que conseguir a
sua consideração como de importância nacional.
Não estou certamente a ser fiel às suas declarações, pois escrevo
de memória. Mas o espírito da declaração é este.
Entretanto o tempo passa. E tenho para mim que cada dia que
passa é mais um obstáculo à concretização do que dizem que se pretendem. Sim,
porque nesta altura já não tenho certeza sequer se há essa vontade assumida!
Enfim!
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