APRESENTAÇÃO

“A TERRA DE QUE A GENTE GOSTA” é expressão que nos agrada. É sentida e é profunda, e é adotada como a ideia força de “TomarOpinião”.

Pretendemos oferecer críticas construtivas e diversificadas sobre os valores, as coisas e as atualidades da nossa terra, e não só. Pretendemos criar um elemento despertador de consciências e de iniciativas de cidadania, e constituir uma referência na abordagem descomprometida desses valores, dessas coisas e dessas atualidades.

Queremos, portanto, estimular o debate, de temas e de ideias, porque acreditamos que dele podem resultar dinâmicas de cidadania, que alicercem mudanças que por certo todos aspiramos.

“TomarOpinião” será um blogue de artigos de opinião e um espaço de expressão livre e responsável, diversificada e ampla.

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segunda-feira, 7 de março de 2016

ASSIM VÃO AS COISAS


            Museu de peixe frito

            A dona câmara lá vai anunciando um novo museu para o complexo da Levada, muito provavelmente sem saber o que lá vai expor susceptível de captar visitantes de todo o país. Certamente a autarquia não vai afectar ou admitir uma dúzia de funcionários para receber tantos visitantes como o pomposo dito Núcleo de Arte Contemporânea, ou seja, meia dúzia de gatos-pingados. Assim sendo, o que irá ser exposto no novo museu da Levada que possa atrair milhares de visitantes: Actualidade levada da breca? Intrigas autárquicas? Enchidos? Repolhos? Palestras? Vistas para o rio? Passarinhos?
            Em nossa opinião, a maneira mais rendível de ocupar tão aprazível espaço seria um complexo de petiscos, em especial peixe frito, aproveitando as sinergias das espécies que passam mesmo ali, na Levada, à mão de se apanhar.  
            Já agora, repescando uma notícia no “Cidade de Tomar”, nos idos de 2008, leia-se O presidente da câmara apresentou ao executivo a proposta de criação de um Museu do Brinquedo, sendo aceite a doação das colecções de Manuel da Conceição Baptista e Ilda Magina da Conceição. Segundo informação do presidente, o Museu destina-se a ser instalado no piso inferior do Convento de S. Francisco, integrando um conjunto com o Museu dos Fósforos e a Azulejaria”.
            Será que este Museu do Brinquedo, anunciado em 2008, vai ser inaugurado no mesmo dia do Museu da Levada, com um opíparo banquete à base de peixe frito?  

            Hospital sem doentes internados 

            Dizem as notícias que já foram recolhidas mais de sete mil assinaturas pelo regresso da medicina interna ao Hospital de Tomar. Se sem medicina interna não há internamentos, então, assim, como está, um hospital não é apenas um centro de saúde complementado com algumas valências, incluindo a emblemática e necessária psiquiatria?
            Requerer medicina interna num hospital não é como exigir que uma biblioteca tenha livros ou uma padaria tenha pão, ou que a saúde mental tenha juízo?
            Sabe-se quanto este pesadelo de descontrolo hospitalar resulta da anterior estapafúrdia politiquice de se terem construído três unidades hospitalares tão próximas, Abrantes, Torres Novas e Tomar, como se fossem capelinhas de disputas intermunicipais. Dessa indigestão tripartida do centro Hospitalar tem resultado a dispersão de meios, a barafunda de serviços, as controvérsias de transportes, a suspeições de favoritismo em relação ao Hospital de Abrantes, as queixas de que a urgência cirúrgica neste Hospital de Abrantes funciona em permanente caos, doentes amontoados pelos corredores enquanto no Hospital de Tomar luxam as camas vazias. Há tempos garantia em privado um ex-responsável dos serviços de saúde que em qualquer circunstância seria mais vantajoso construir um hospital central, digamos na zona do Entroncamento, ficando os três existentes como unidades de cuidados continuados e paliativos. Argumentava esse ex-responsável que, em termos relativos, o custo de um novo edifício será irrelevante quando comparado com os custos funcionais acrescidos das três unidades hospitalares. Se adaptarmos um ditado popular podemos dizer “Centro Hospitalar que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”. Pergunte-se agora quem foram os responsáveis pela irresponsável carta hospital que decidiu construir três unidades hospitalares tão próximas e a resposta é óbvia - neste relaxado país nunca há culpas políticas. Sempre foi assumida a institucionalização de que a culpa política morre solteira. Sabe-se que não quer mesmo outra vidinha do que morrer solteira. Ou então assumir o desculpável “Todos fomos culpados por cada um querer o seu hospitalito concelhio”, assumindo a hipótese de ainda valer a pena construir um único hospital comum.      

            Onde anda a cheta?
           
            Segundo informação do ex-secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, prestada no decorrer do congresso daquela Confederação, o dinheiro da União Europeia não chega às empresas porque fica pelo caminho. Sabe-se que um caminho sem fundo ou a fundo perdido.
            Será por isso que nunca chegou a Tomar? Será por isso que nunca foram criadas as há tempos anunciadas novas unidades hoteleiras?

            Carentes do quadro

            Segundo recente entrevista, a presidente da Cáritas local, Célia Bonet, referiu que “Há situações de pobreza que já vão na terceira geração. São casos crónicos de famílias em que a Cáritas já apoiou os avós, os pais e agora apoia os filhos."
            Deduz-se tratar-se de famílias que já entraram para o quadro, que integram o quadro dos efectivos carentes da Cáritas. Sendo assim, fica a pergunta de quando é que estas carenciadas famílias, integradas nos quadros de efectivos da Cáritas, passam à reforma?  

            Parques temáticos armados aos cágados

            Enquanto em Tomar nunca passou de fantasia eleitoral o abortado parque temático, foi agora difundida informação sobre o Parque Temático Patriótico da Rússia, um investimento na ordem dos 317 milhões de dólares para expor 500 exemplares de armas. Segundo o divulgado, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, inaugurou o que o jornal inglês The Guardian chamou de a "Disneylândia militar". O Patriot Park é um parque temático um pouco diferente do que estamos acostumados a ver. No almoço, é possível comer ração militar. Ao invés de dar uma volta em uma montanha russa, as crianças podem brincar com lançadores de granada e escalar artilharia pesada.
            Falando em parques temáticos, escrevia o jornal “Público”, nos idos de 2001 “Um espaço futurista, com imagens virtuais a três dimensões e cenas de batalhas e de viagens marítimas, vai ser utilizado em Tomar para contar a História de Portugal e da Ordem dos Templários a turistas. O futuro Parque Temático dos Templários vai permitir aos visitantes entrar dentro de uma caravela, em plena tempestade, ou participar numa batalha medieval, como a tomada de uma cidade aos mouros”.

            Afinal constatou-se que este parque temático foi apenas anunciado por expediente de armado aos cágados, para ganhar uma batalha eleitoral.   

Mário Cobra

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