O Município de Tomar aprovou, há cerca de um ano, a criação do Provedor
do Munícipe, faltando, ao que sei, questões formais para a sua
operacionalização.
Sendo assim ou não, o que importa é que a Autarquia criou tal
figura, o que é muito positivo.
Ora… em 16 de dezembro de 2005, a Assembleia Municipal de Tomar aprovou,
por unanimidade, uma proposta de minha autoria, enquanto membro da AM eleito
pelo Bloco de Esquerda, para criação do Provedor
do Munícipe enquanto instrumento de defesa e apoio aos munícipes. Posteriormente,
por decisão da Conferência de Líderes, elaborei um esboço de Proposta de
Estatuto, em março do ano seguinte, tendo sido assumido a convocação de uma
nova reunião da Conferência de Líderes para análise do documento e elaboração
de uma Proposta definitiva a apresentar à Assembleia Municipal até 31 de
Dezembro de 2006, como implicava a proposta referida: “Assim, proponho que a Assembleia
Municipal de Tomar incumba a Reunião de Representantes de Grupos Municipais de
estudar as linhas gerais para a criação do cargo acima definido com vista à
criação posterior de um Grupo de Trabalho que consolide tais ideias e apresente
à Assembleia Municipal, durante o ano de 2006, propostas que contenham o seu
Estatuto.”
O curioso é que após a distribuição do texto-base pelos meus
colegas da Conferência de Líderes, nenhum outro Grupo Municipal representado na
Assembleia sugeriu qualquer alteração e todos os membros da dita Conferência de
Líderes impediram a criação do tal Grupo de Trabalho e inviabilizaram a subida
do texto para debate e votação em plenário.
Por outras palavras, os líderes dos Grupos Municipais PSD, PS, CDU
e Independentes por Tomar recusaram em 2006, de forma nada democrática, dada a
decisão de dezembro de 2015 da própria Assembleia, a discussão do assunto no
local próprio. Mais: impediram o cumprimento de uma deliberação da Assembleia
Municipal!
Curiosamente, dez anos depois surge então o Provedor do Munícipe.
Não sei qual o sentido de voto das formações políticas agora: se
todos votaram a favor, se uns contra e outros a favor, e se houve ou não
abstenções. Nem me interessa, em boa verdade.
Aliás, é interessante ver como um mesmo Partido, na AM, que há uma
década impediu a concretização de uma deliberação da própria AM esteja agora
tão impaciente com o atraso na concretização do cargo ora criado…
Mudaram-se as vontades e os interesses, como é natural nestas
coisas. Porém, para a nossa pequena História Municipal fica a infantil e
preconceituosa postura daquelas quatro formações políticas naquela época.
É caso para dizer que se demorou 10 anos a emendar a mão e a dar
razão ao Bloco de Esquerda!
Carlos Trincão
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.