“Deixá-los trabalhá-los”
Calou bem fundo na artéria aorta
dos tomarenses a arenga da senhora presidente da dona câmara, segundo a qual
gangrenava muita inveja no reino nabantino porque o executivo autárquico estava
a trabalhar. A trabalhar a sério, quase todos os dias. Podendo esse facto ser
comprovado com o cheiro a suor que tresanda na Praça da República. Pelo menos
da parte de cima. Tanto que, olarila, o executivo participou na greve em defesa
da reposição das 35 horas semanais aos funcionários públicos.
Exemplo da trabalhadeira da nossa
edil, o facto de ter participado no Carnaval linhaceirense. À pergunta de como
foi mascarada, a resposta foi óbvia:
- Fui disfarçada de presidente da
câmara.
Uma bomba no insucesso escolar
Mas não só o executivo autárquico
se esfalfa. Por excesso de trabalho, a Comunidade Intermunicipal do Médio Tejo
viu-se na necessidade de contratar um ex-ministro da educação com o objectivo
de, espingarda às costas, desenvolver um intrépido combate ao insucesso e
abandono escolar. O contrato implica o generoso pagamento de cerca de 2 mil
euros por mês, pelo menos até que todo o pessoal aprenda a ler sem ser com a
língua a morder o lábio. Que não falte a coragem ao ex-governante são os nossos
mais sinceros desideratos.
Consta que a mesma Comunidade vai
contratar outros ex-ministros com o objectivo de aprofundar até às calendas
temas de excepcional relevância, a saber:
- Estudo do aparelho reprodutor das
lampreias.
- Estudo da influência dos barbos e
bogas na indústria de panificação.
- Profundas e acérrimas acções de
formação sobre o depauperado acordo ortográfico, nomeadamente se Tomar deve
continuar a escrever-se com letra grande, ou, dado o decréscimo da sua
importância, se deve adoptar letra pequena.
Até que desapareça.
Vamos lá pôr a escrita em dia
Exemplo da trabalheira da dona
câmara, o executivo vai deliberar sobre a efectiva data de nascimento dos bombeiros,
do castelo de Tomar e da chegada das primeiras andorinhas à cidade.
A fim de não falhar nem um segundo,
está bem, está, para essa deliberação o executivo contou com a prestimosa
colaboração do arquivo morto dos serviços de notariado e afins. Como exemplo de
infalibilidade, propõe-se ainda a dona câmara oficializar a data em que faleceu
o arquivo morto.
Estratégia secreta
Queixam-se alguns munícipes que as
suas ruas estão sujas, sujinhas de todo. Estão enganadas essas gentes, assim
com as outras. Este alegado desmazelo deve-se ao facto da dona câmara estar a
desenvolver de forma secreta uma estratégia, ou mesmo duas, no sentido de
regredir toda a cidade ao nível da idade média, evocando o reino dos Templários,
tendo com referência o emblemático Flecheiro. Serão apoiados os acampamentos,
feiras e mercados medievais, em vez do TUT, o TUB, Transporte Urbano de Burro,
assim como carroças puxadas por mulas, anda ruça, executivo visitando a plebe
montado nos seus galhardos cavalos.
Nos secretismos camarários é
conhecido como o projecto “Antanho”.
Casas de banho públicas nos cafés
Já implementada por anteriores
executivos, estratégia original é a dona câmara manter as casas de banho
públicas encerradas como forma de apoio aos cafés locais. Isto porque, na falta
de sanitários à mão, assim como às outras partes, os visitantes têm de recorrer
ao WC dos cafés, competindo aos respectivos proprietários exigir consumo
obrigatório: uma mija de pé um café, uma defecção um galão. Quem tiver diarreia
deve levar a carteira cheia.
Depois digam os ingratos que não há
estratégias.
Mário Cobra
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