Museu de peixe frito
A dona câmara lá vai anunciando um novo museu para o
complexo da Levada, muito provavelmente sem saber o que lá vai expor
susceptível de captar visitantes de todo o país. Certamente a autarquia não vai
afectar ou admitir uma dúzia de funcionários para receber tantos visitantes
como o pomposo dito Núcleo de Arte Contemporânea, ou seja, meia dúzia de
gatos-pingados. Assim sendo, o que irá ser exposto no novo museu da Levada que
possa atrair milhares de visitantes: Actualidade levada da breca? Intrigas
autárquicas? Enchidos? Repolhos? Palestras? Vistas para o rio? Passarinhos?
Em nossa opinião, a maneira mais rendível de ocupar tão
aprazível espaço seria um complexo de petiscos, em especial peixe frito,
aproveitando as sinergias das espécies que passam mesmo ali, na Levada, à mão
de se apanhar.
Já agora, repescando uma notícia no “Cidade de Tomar”, nos
idos de 2008, leia-se “O presidente da câmara apresentou ao executivo a proposta de criação de
um Museu do Brinquedo, sendo aceite a doação das colecções de Manuel da
Conceição Baptista e Ilda Magina da Conceição. Segundo informação do presidente, o Museu destina-se a
ser instalado no piso inferior do Convento de S. Francisco, integrando um
conjunto com o Museu dos Fósforos e a Azulejaria”.
Será que este Museu do Brinquedo, anunciado em 2008, vai
ser inaugurado no mesmo dia do Museu da Levada, com um opíparo banquete à base
de peixe frito?
Hospital sem doentes internados
Dizem as notícias que já foram recolhidas mais de sete
mil assinaturas pelo regresso da medicina interna ao Hospital de Tomar. Se sem
medicina interna não há internamentos, então, assim, como está, um hospital não
é apenas um centro de saúde complementado com algumas valências, incluindo a emblemática
e necessária psiquiatria?
Requerer medicina interna num hospital não é como exigir
que uma biblioteca tenha livros ou uma padaria tenha pão, ou que a saúde mental
tenha juízo?
Sabe-se quanto este pesadelo de descontrolo hospitalar
resulta da anterior estapafúrdia politiquice de se terem construído três
unidades hospitalares tão próximas, Abrantes, Torres Novas e Tomar, como se
fossem capelinhas de disputas intermunicipais. Dessa indigestão tripartida do
centro Hospitalar tem resultado a dispersão de meios, a barafunda de serviços,
as controvérsias de transportes, a suspeições de favoritismo em relação ao
Hospital de Abrantes, as queixas de que a urgência cirúrgica neste Hospital de
Abrantes funciona em permanente caos, doentes amontoados pelos corredores
enquanto no Hospital de Tomar luxam as camas vazias. Há tempos garantia em
privado um ex-responsável dos serviços de saúde que em qualquer circunstância
seria mais vantajoso construir um hospital central, digamos na zona do
Entroncamento, ficando os três existentes como unidades de cuidados continuados
e paliativos. Argumentava esse ex-responsável que, em termos relativos, o custo
de um novo edifício será irrelevante quando comparado com os custos funcionais
acrescidos das três unidades hospitalares. Se adaptarmos um ditado popular
podemos dizer “Centro Hospitalar que nasce torto, tarde ou nunca se endireita”.
Pergunte-se agora quem foram os responsáveis pela irresponsável carta hospital
que decidiu construir três unidades hospitalares tão próximas e a resposta é
óbvia - neste relaxado país nunca há culpas políticas. Sempre foi assumida a
institucionalização de que a culpa política morre solteira. Sabe-se que não
quer mesmo outra vidinha do que morrer solteira. Ou então assumir o desculpável
“Todos fomos culpados por cada um querer o seu hospitalito concelhio”, assumindo a hipótese de ainda valer a pena
construir um único hospital comum.
Onde anda a cheta?
Segundo informação do ex-secretário-geral da CGTP,
Carvalho da Silva, prestada no decorrer do congresso daquela Confederação, o
dinheiro da União Europeia não chega às empresas porque fica pelo caminho. Sabe-se
que um caminho sem fundo ou a fundo perdido.
Será por isso que nunca chegou a Tomar? Será por isso que
nunca foram criadas as há tempos anunciadas novas unidades hoteleiras?
Carentes do quadro
Segundo
recente entrevista, a presidente da Cáritas local, Célia Bonet, referiu que “Há
situações de pobreza que já vão na terceira geração. São casos crónicos de
famílias em que a Cáritas já apoiou os avós, os pais e agora apoia os
filhos."
Deduz-se tratar-se de famílias que já entraram para o
quadro, que integram o quadro dos efectivos carentes da Cáritas. Sendo assim,
fica a pergunta de quando é que estas carenciadas famílias, integradas nos
quadros de efectivos da Cáritas, passam à reforma?
Parques temáticos armados
aos cágados
Enquanto em Tomar nunca passou de fantasia eleitoral o abortado
parque temático, foi agora difundida informação sobre o Parque Temático
Patriótico da Rússia, um investimento na ordem dos 317 milhões de dólares para
expor 500 exemplares de armas. Segundo o divulgado, o presidente da Rússia,
Vladimir Putin, inaugurou o que o jornal inglês The Guardian chamou de a
"Disneylândia militar". O Patriot Park é um parque temático um pouco
diferente do que estamos acostumados a ver. No almoço, é possível comer ração
militar. Ao invés de dar uma volta em uma montanha russa, as crianças podem
brincar com lançadores de granada e escalar artilharia pesada.
Falando em parques temáticos, escrevia o jornal
“Público”, nos idos de 2001 “Um espaço
futurista, com imagens virtuais a três dimensões e cenas de batalhas e de
viagens marítimas, vai ser utilizado em Tomar para contar a História de
Portugal e da Ordem dos Templários a turistas. O futuro Parque Temático dos
Templários vai permitir aos visitantes entrar dentro de uma caravela, em plena
tempestade, ou participar numa batalha medieval, como a tomada de uma cidade
aos mouros”.
Afinal constatou-se que este parque temático foi apenas
anunciado por expediente de armado aos cágados, para ganhar uma batalha
eleitoral.
Mário Cobra