APRESENTAÇÃO
“A TERRA DE QUE A GENTE GOSTA” é expressão que nos agrada. É sentida e é profunda, e é adotada como a ideia força de “TomarOpinião”.
Pretendemos oferecer críticas construtivas e diversificadas sobre os valores, as coisas e as atualidades da nossa terra, e não só. Pretendemos criar um elemento despertador de consciências e de iniciativas de cidadania, e constituir uma referência na abordagem descomprometida desses valores, dessas coisas e dessas atualidades.
Queremos, portanto, estimular o debate, de temas e de ideias, porque acreditamos que dele podem resultar dinâmicas de cidadania, que alicercem mudanças que por certo todos aspiramos.
“TomarOpinião” será um blogue de artigos de opinião e um espaço de expressão livre e responsável, diversificada e ampla.
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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016
CIDADE JARDIM
Muito boa opinião se ouve sobre a beleza dos jardins de Tomar de antanho, praticamente todos ajardinados pelo então presidente da Câmara capitão Oliveira, que veio mais tarde a ser conhecido por general, e a quem se deve o epíteto de “Tomar - Cidade Jardim” (e que o meu amigo Manuel Tereso, quando o conheci numa boleia que ele me deu, denegria dizendo que ele tratava Tomar como se fosse a Quinta dele).
Não me parece que haja desmérito em tratar bem as coisas as coisas públicas. Nem em tratar com cuidado os nossos jardins. Mas os belos jardins que temos na memória e que tantos elogios nos mereciam, foram idealizados para uma cidade pequena, com cerca de 20 mil habitantes, numa altura em que o turismo era incipente.
O mundo mudou.
Hoje o turismo movimenta, para Tomar, muita gente. E com tendência para aumentar. Por isso, o conceito de “jardim” precisaria de ser ampliado, também em área. Se quisermos falar em “jardins”, já não nos podemos limitar ao da Várzea Pequena ou ao do antigo Mouchão. Temos de pensar em espaços verdes, para a esquerda e para a direita, do Açude de Pedra a S. Lourenço.
Com uma frente de rio destas, qualquer turista nos voltaria a reconhecer o epíteto de Cidade Jardim.
segunda-feira, 5 de dezembro de 2016
JARDIM E PARAÍSO
Das coisas agradáveis da vida uma será um passeio num bom jardim, isso também porque desde muito novos somos estimulados entre o bom e o mau, entre o inferno e o paraíso e um jardim bem arranjado é por norma, local agradável e que nos estimula as nossas melhores sensações.
Mesmo que em certos momentos distraídos e ocupados, com muitas das coisas ao longo da vida, inevitavelmente o jardim ou os jardins da nossa memoria, estimulam a vontade de os revisitar e usufruir. A mata dos sete montes é lugar mítico de gerações, que por lá andaram em novos e que frequentemente são objecto das mais variadas conversas.
Talvez porque mesmo sem o admitirmos, andamos sempre na procura do que de mais fácil e próximo, se aproxime do paraíso.
Dizer que a Madeira é um jardim, é um clássico, pois ao longo dos anos a ilha conquistou e afirmou essa marca.
Também em Tomar a minha geração, ficou sempre agarrada a esta nossa particularidade de termos uma cidade ao tempo jardim, atravessada por um rio e espaços invulgares como o mouchão a várzea pequena, a mata e o convento, mais tarde o jardim da Praceta Raul Lopes e a Alameda Um de Março.
Tem assim a cidade de Tomar, espaços verdes e rio, que acrescentam ao seu património construído e histórico, potencialidades que muitos que nos visitam ainda enaltecem e que alguns como eu, com memoria, entendemos ser mais uma das nossas riquezas desaproveitadas e algumas das vezes até desprezadas.
Nesta questão dos jardins e a propósito, lembro-me de quando andei mais embrenhado na politica, curiosamente quando António Guterres ganhou as suas primeiras eleições, de um deputado e depois ministro com que eu me dava, me ter dito em Lisboa no Castelo de São Jorge, que na politica temos de todos os dias regar três canteiros, o do partido, do grupo de amigos e o nosso próprio, pois só assim dizia ele nós podemos ter sucesso.
Isto vem a “talho de foice”, ou seja, a propósito de que para o sucesso de Tomar, existem vários espaços que hoje se podem considerar verdes na cidade, a necessitar de uma outra atenção e aproveitamento, sejam os que eu antes destaquei, ou mesmo o mais novo espaço entre a igreja de Santa Maria dos Olivais e as margens do rio. Talvez isso até possa explicar, o pouco sucesso dos vários executivos camarários, ao não regarem suficientemente os canteiros de Tomar.
Tomar tinha na década de 70, uma qualidade superior em relação a muitas cidades, que perdeu nesta questão e não teve nos seus novos espaços verdes os ganhos que podia e devia ter, mais do que culpar e perder tempo com lamurias, é necessário fazer mais e melhor, pois a culpa é de todos no passado e a solução está nos que no futuro se empenhem em fazer mais e melhor.
É assim tempo de em Tomar de se dar uma outra atenção aos nossos jardins, aproveitando melhor as nossas potencialidades nesta matéria, não só acrescentando valor à nossa cidade, aumentado a qualidade de vida dos que cá vivem, mas aumentado o nosso potencial turístico e fazendo igualmente uma aproximação ao paraíso.
terça-feira, 29 de novembro de 2016
Jardins a Tomar
Contudo, estas designações não abrangem todas as realidades. Elas excluem as composições arquitectónicas e vegetais de certa forma condicionadas e desenvolvidas em contextos excedentários nas grandes civilizações do passado. Por exemplo, os jardins milenares de Conimbriga, nem sempre encerrados, quando públicos, mesmo que fechados como "viridia" em peristilos e "hortus", delimitados por alvenarias altas, nas traseiras de casas de ricos proprietários.
Acresce ainda que a definição de jardim, se considerado como espaço de deleite e recreio, poderá vir a revelar-se exclusiva quando aplicada a composições maneiristas como o Bosque Sagrado de Bomarzo, Itália, marcadas pela instabilidade, hermetismo e ansiedade ou então obras de feição romântica, como os parques Hafod e Hawkstone, no Reino Unido, onde se propiciavam inseguranças, temores e até pavores.
E o que dizer dos conceitos orientais, onde o "jardim" pode incorporar materiais vivos em perfeita harmonia com materiais "mortos" (inertes) ou, no limite, ser exclusivamente construído de pedras, aparentemente amorfas, de onde, no entanto, se podem absorver sensações que extravasam o plano físico do ser humano?
Em suma, um jardim pode ser uma coisa complicada!
Em Tomar, outrora cultora do epíteto Cidade Jardim, deveremos utilizar apenas o termo "espaço verde". Este é o termo técnico acertado para a esmagadora maioria das áreas onde é dada à natureza, alguma ... folga.
Não querendo, propositadamente, abordar a Mata dos Sete Montes, cuja problemática permitirá uma abordagem noutro artigo, restam-nos os emblemáticos jardins à beira rio. Cada vez mais institucionalizados, cada vez mais vilipendiados por públicos ávidos de espaço, incapazes de reconhecer neles uma história, um desígnio, uma herança.
Por outro lado, na parte da gestão, continua a eterna confusão entre um jardim e um canteiro, como se a diferença de tamanhos não acarretasse mais do que a mão de obra. Como se a boa vontade tornasse as plantas imunes à sanha da populaça ignorante e ao inexorável castigo das leis da natureza.
Tomar precisa, de facto, de mais e bons jardineiros ... mas precisa, também, de melhores utentes dos espaços públicos.
Voltando aos mestres: "jardim: uma intenção, uma composição, um objectivo estético, uma paisagem, mais do que uma superfície aberta, nem sempre real"
quinta-feira, 24 de novembro de 2016
JARDINS POLÍTICOS
António Pedro Costa
sábado, 12 de novembro de 2016
AgroALL, RepúblicAALS & ETC
Carlos Carvalheiro
entre setembro soalheiro e novembro tardio de 2016
Tinha eu um artigo do blog do mês de setembro em atraso, sobre “Património”, tinha pensado em escrever sobre o Agroal, a principal nascente do Nabão que esteve quase a ser canalizada nos anos 60 para abastecer Ourém, quando recebo a sugestão para o mês de outubro, “República” e, porque os bloguistas do Tomar Opinião têm o hábito de responder a todos, recebo no meu mail a resposta do António Lourenço dos Santos à sugestão com: “Por mim, viva a REPUBLICAALS”
E pensei eu: Querem ver que aquele gajo, para dizer bem de “todas as repúblicas” teve a mesma ideia que eu de roubar a graça que o Turismo do Algarve fez ao chamar-lhe ALLgarve e passarmos a dizer, em vez de Agroal, AgroALL?
Mas afinal não. Abri o mail e o que lá estava no fim do “viva a República” era “ALS”, as iniciais do dito.
Fiquei mais descansado por que afinal a minha “graça” sobre o Agroal permanecia, sempre podia dizer bem do dito, eu acho que a gente não dá valor ao que tem aqui na nossa região, umas termas tão boas na principal nascente do rio Nabão, a uns 14 km da cidade, na raia com Ourém, fazemos de conta que aquilo fica longe, esquecemo-nos, não ligamos, desmerecemos, etc… e sem esquecer que até vendem por lá pasteis de chícharo, aquela parece que leguminosa que dá o nome a um festival em Alvaiázere, cuja corruptela poderia ser AlvaiAZAR, mas não ficava lá muito bem. Tal como o EntroncaMENTE, embora aquilo da circulação do trânsito o faça com todos os dentes que tem na boca. No Porto, como são uns “caseiros”, inventaram o “Porto ponto”, que se explica muito bem. Se ao menos fossemos da Figueira da Foz, poderíamos sempre utilizar a ideia do meu amigo João Damasceno que insiste que se devia chamar-lhe “FiGAYra da Foz”, para atingir nichos de mercado, se não interessantes, pelo menos numerosos. Mas o melhor que temos por cá é a graça de “quem vai para Abrantes deixa Tomar atrás”, o que não é bem a mesma coisa. Por CÁ não está fácil…
Tal como com o presente blog… Primeiro que a malta se decida a escrever alguma coisa…
segunda-feira, 31 de outubro de 2016
COISAS E REPUBLICAS
domingo, 23 de outubro de 2016
TOMAR É A MINHA REPÚBLICA
domingo, 16 de outubro de 2016
CAMPOS DE FÉRIAS / A MINHA CASA É A TUA CASA
sexta-feira, 14 de outubro de 2016
Património ou as "Coisas complicadas da Terra Tomarense"
Rui Ferreira
Após um século de natural e desejado desenvolvimento, as coisitas antigas que por aqui sobrevivem contribuem directa e inequivocamente para a indústria do momento: o Turismo.
Tenho a certeza que quem nos visita e se detém alguns dias na cidade, não prescinde de visitar o centro histórico onde infelizmente a degradação dos edifícios, a falta de ordenamento das infraestruturas públicas e, sejamos francos, alguma ignorância, contribuem para uma paisagem edificada medíocre.
A mediocridade com que temos cuidado, e continuamos a cuidar, o nosso património radica, na minha opinião, na nossa falta de formação cultural. Existe uma endémica indiferença pela coisa histórica.
Por exemplo, há anos manifestei a minha indignação face ao abandono a que a Charolinha estava votada.
Congratulo-me agora com o restauro que aquele singular edifício sofreu. Graças às vontades do Município de Tomar, do Instituto Politécnico de Tomar e ainda de docentes e alunos do Curso de Conservação e Restauro do IPT, conseguiu-se travar a degradação da Charolinha e acabar com a vergonha que o seu estado nos causava.
segunda-feira, 26 de setembro de 2016
PATRIMÓNIO DESPORTIVO
sábado, 24 de setembro de 2016
MATA DOS SETE MONTES: A FLORESTA DAS LENDAS
domingo, 11 de setembro de 2016
PATRIMÓNIOS...DE CÁ
Património é muito, mas também pode ser nada.
Património é legado e é herança. E é obra permanente de vida. Património é material, é imaterial, e é humano.
Temos de tudo em Tomar. Pouco estamos a aproveitar, muito a desperdiçar.
Porquê, vá-se lá saber.
Será por falta visão e falta de liderança? Há quem diga que sim. Eu também.
Visão para propor o Rumo e para preparar o Futuro, liderança para conduzir nessa direção. E para agir quando é necessário corrigir rotas ou mudar destinos.
Em qualquer circunstancia, em qualquer caso, o património humano é e será sempre o mais importante. Podemos deter as maiores riquezas e as maiores promessas. Mas se não houver quem imprima rumos, quem trace as bissetrizes, quem afirme por onde, quando e como, e quem as valorize e afirme, pouco ou nada será feito.
E pode vir isto a propósito da situação de uma componente decisiva do nosso património coletivo, que é o Instituto Politécnico.
Noticia de ontem, dá conta de mais uma época de resultados (muito) preocupantes no que toca a preenchimento de vagas disponíveis. Na primeira fase, menos de 1/3 de preenchimento (31%), que contrasta com a percentagem equivalente a nível nacional (85%). Mesmo que se sigam repescagens de “linhas atrasadas”, a situação pode receber algum conforto, mas está muito longe de ser brilhante...
Sugere-nos 2 comentários.
O primeiro tem a ver com a delapidação do Património material e imaterial que é o IPT para Tomar. Património porque é, ou pode ser, alfobre de formação de gerações e de fixação de vocações, como já foi o prestigiado CNA; porque poderia ser Centro de investigação e de produção de conhecimentos que valorizasse outros patrimónios que nos pertencem. Património, pelo que representa de polo dinamizador para a economia da Cidade. Delapidação, porque está consecutivamente a perder posições, a perder cursos e oportunidades, porque parece estar a perder conhecimento e vitalidade.
O segundo tem a ver com o desgaste do Património humano que está a acontecer. Ano após ano, desde há alguns anos, baixa ou estagna o numero de candidatos e continua a existir oferta de cursos que ficam vazios. Abandonam Professores e sai conhecimento. Parece, parece repito, que algo devia ser feito para alterar este estado de coisas, que ilustra também o caso de um rumo que carece de ajustamento. A continuar assim, onde vai parar o Instituto?
sábado, 10 de setembro de 2016
FATIAS DE TOMAR: PATRIMÓNIO PARA QUEM?
segunda-feira, 1 de agosto de 2016
CRIME - O ILÍCITO DESINTERESSE
É suposto que a cidadania, principalmente em democracia, nos dá e garante direitos, mas também nos obriga, no interesse geral e da própria comunidade, a certas regras, leis e convenções, tanto a nível do nosso país como do mundo em geral.
Existem assim questões que nos limitam, nos condicionam, mas também nos garantem certas coisas, que vão desde a segurança de pessoas e bens, regulam tudo ou quase tudo das nossas vidas, incluindo as relações comercias os direitos dos cidadãos em geral, mas também dos desprotegidos, dos mais novos, dos mais velhos, dos animais, do ambiente, da forma como o estado deve ser gerido, das instituições públicas e privadas, da velocidade com que podemos andar nas estradas, onde se pode fumar e o que podemos beber, quando se conduz um automóvel e mais uma interminável lista de coisas.
Estamos por isso mesmo, sem algumas vezes darmos por isso, obrigados a leis e normas, que uma vez ultrapassadas podem vir a ser consideradas crime e por isso mesmo condenados a indemnizar a sociedade, algumas vezes ressarcindo a sociedade pela perda cometida, por esses crimes e outras vezes como castigo desse crime, aos interesses da sociedade seja ela local, nacional ou internacional, da empresa e ou do cidadão.
Tudo isto nos leva também para a actual banalização e para a desvalorização dos muitos crimes, que todos os dias nos chegam ao conhecimento, sejam eles de pequena monta ou de milhões, de uma morte ou de milhares de mortes.
Quantas vezes uma má gestão, de um banco, de uma empresa pública ou privada, de uma junta de freguesia, câmara, ipss, ou até de um governo, fica sem castigo e é inclusive desvalorizado pela comunidade.
Questões em que devemos refletir, para mais quando vivemos tempos difíceis, pois na minha opinião os cidadãos em geral, pelo desinteresse que demonstram por muitas destas coisas, são eles também culpados dos crescentes casos e do aumento dos prejuízos causados à sociedade.
“Uma conduta só será considerada criminosa se for típica, ilícita e culpável, uma vez que os motivos e objetivos subjetivos do agente, são analisados e decisivos para a caracterização ou não da Infração. A conduta só será considerada criminosa, se for reconhecido o dolo na motivação do agente criminoso, ou a culpa, quando a Lei Penal expressamente prever esta possibilidade.”
Por tudo isto e uma carrada de outras coisas, que muitos de nós sabemos, vemos e calculámos, são constantemente e diariamente praticados crimes, passiveis de culpa por ai, no país e no mundo, que não chegam ao local certo que seria o tribunal, mas pela sua banalização tem o desinteresse dos cidadãos, coisa que me parece passível de ser também isso considerado crime.
Claro que o tema no levava horas a discorrer, pois se entrássemos por certas áreas, como os crimes do colarinho branco, com gravata ou sem gravata, muito se poderia dizer, tal como dos que se servem em proveito próprio dos lugares, dos que ocupando certos lugares nada fazem para cumprir essas obrigações, ou dos que nos governos são os diretamente culpados por milhões mortos, mas em tempo de guerra não se limpam armas e o tempo que vivemos é de guerra, económica, de valores e de apropriação dos bens comuns, assim parece-me que nem um possível Secretário Geral da ONU Português, nos poderá salvar na minha opinião e pelo que se vai vendo, cá em Portugal e no mundo.
domingo, 31 de julho de 2016
A ARTE DE BEM RECEBER
sexta-feira, 29 de julho de 2016
A PENA DE MORTE
segunda-feira, 18 de julho de 2016
ALÉM-FRONTEIRAS / AQUÉM-FRONTEIRAS
Tive que intervalar largas semanas, que o tempo, ao contrário do que pensamos, não dá para tudo. Até porque a gente, com a velocidade dos dias não dá pelo passar da vida…
Frenesim era em Tomar, nos dias seguintes ao 25 de Abril: a sofreguidão por notícias era tanta que as pessoas iam à estação dos comboios esperar os jornais. Os revendedores que ali iam buscá-los, aí logo os vendiam! Improvisavam a banca naquele balcão largo e baixo que separava a área dos passageiros da área de despachos e preparação de carga. Largavam os maços atados, desatavam-nos à navalhada e tinham que ter cuidado com algum cliente mais impaciente que se apressasse a pegar no jornal e se esquecesse de pagar.
domingo, 17 de julho de 2016
O "CRIME" DA CHINFRINEIRA
Há crimes globais, assassinatos. Há dias a esta parte os noticiários televisivos não falam de outra coisa. Até já declinaram as feéricas festas relativas à vitória da selecção nacional.
Há “crimes” nacionais, sejam políticos, sejam financeiros. Seja a situação das instituições bancárias, seja o “festival da sanção europeia ”. Pois, estas questões não cabem numa simples e ligeira crónica. Mais ainda por causa do calor.
Há “crimes” regionais e locais. Exemplo de “crime” regional, quem conhece a situação do caos na urgência do Hospital de Abrantes deve qualificar de atentado à saúde dos cidadãos enfiarem naquela confusão mais uma urgência do serviço de cardiologia. Este será um “crime” pouco saudável para quantos necessitem de recorrer à urgência do Hospital de Abrantes, onde o comum do cidadão acaba por cair, penando tormentas.
“Crime” local de lesa turismo. Tanto quanto foi tornado público, face às reclamações, em especial da gerência do Hotel dos Templários, porque no ano passado a prolongada chinfrineira da festa da cerveja terá atingido foros de fazer perder a paciência a um surdo, o executivo assumiu que este ano o arraial se realizava no mercado municipal, evitando assim molestar os clientes do hotel. Imagine-se quantos decidam vir passar um fim-de-semana a Tomar, no hotel junto ao rio, paisagem idílica (assim seria se fosse) jardins floridos (escrevemos floridos embora soe a vernáculo semelhante). Pois, imagine-se os turistas confrontos com um arraial à cabeceira, tortuosa marca de receber os visitantes. Tanto quanto nos apercebemos, não foi tornada pública a razão do executivo ter retrocedido na intenção assumida, mas deduzimos que os organizadores da festa se tenham recusado a realizar o evento no espaço do mercado. Daí o executivo tenha optado pela solução “Haja festa. Se lixem os turistas. O povinho quer é festas e mais festinhas”. Em nossa modesta opinião, o local certo da realização da festa seria na Praça da República, durante toda a semana, dia e noite, ficando assim o executivo a saber quanto custa gramar o frete.
“Crime” de confundir o género humano com o Manuel Germano será a proposta da câmara ao ministro da Cultura no sentido de se engendrar uma gestão partilhada no caso do Convento de Cristo. Ou seja, um executivo que não consegue sequer resolver questões bem mais simples como seja a limpeza da cidade e do concelho, entende-se capaz de co-gerir o Convento de Cristo. Salvo se a proposta do executivo for no sentido do Ministério assegurar as despesas correntes e os investimentos cabendo à câmara municipal arrecadar as receitas das entradas. Assim vai fazer o executivo na caça à verba ao propor taxar o estacionamento em quase toda a cidade, pelo informado sem atender sequer a uma prática comum de permitir estacionamento aos moradores.
Em termo de receitas à má fila, propomos, por exemplo, a câmara iniciar a cobrança de bilhete de acesso a quem recorrer aos seus serviço, a quem quiser ir ao mercado municipal, a quem quiser entrar nos cemitérios, incluindo os que vão no caixão.
Mais havendo para dizer, fica a sugestão de que os órgãos de comunicação, blogues e quejandos abram uma secção com o título “Crimes urbanos, mazelas rurais”.
Que não lhes doa o teclado.
Outra sugestão, que a câmara promova, em Agosto, a grande festa dos tomates, coisa que por cá em termos autárquicos vai faltando cada vez mais.
Já agora, muita intenção dita popular pode induzir determinado tipo de cheirinho a prevaricação. Caso deste respigo de notícia - "O pátio das cantigas" e "O leão da Estrela" somaram mais de 805 mil espectadores e cerca de quatro milhões de euros. Exemplo de como o mau gosto pode ser compensado, assim dizem os críticos, os maus da fita.
Há sempre também uns maus da festa, ditos politicamente incorrectos, a lamentarem-se das inquinadas repercussões.
sexta-feira, 1 de julho de 2016
MAS QUE RAIO DE TEMA ESCOLHERAM PARA ESTE MÊS - "FRENESIM"
Assim, de repente, este termo de origem grega suscita-me a imagem de um crocodilo, dentro de água, às voltas com uma presa dilacerada na boca ou então milhares de formigas sobre um cadáver... É algo assim, irracional, primitivo, visceral, cru, enfim... animal.
Não deve, por isso, ser estranho que utilizemos este substantivo para aludir a estados anómalos, tanto dos indivíduos como da sociedade. De facto, uma das suas conotações mais comuns é a impaciência. Essa condição afecta-nos, a todos, de um modo atroz. A gestão das expectativas de cada individuo depende de milhares de factores, tanto endógenos como exógenos. Um deles, e talvez o mais importante, é o do prazer ou da auto-satisfação.
O prazer, a satisfação e mesmo a felicidade (consagrada, como direito alienável, na Declaração de Independência dos Estados Unidos da América) são hoje considerados objectivos legítimos e transversais na sociedade. O sucesso, o poder e o bem estar são chavões publicitários e modelos de vida aos quais, aparentemente, não existe alternativa. Talvez por isso o dever, o serviço e a solidariedade andem pelas "ruas da amargura". As pessoas não pensam, ... reagem. Não procuram, ... é-lhes facultado. Não opinam, ... escolhem de uma lista pré-preparada. Gritam, ... não comunicam. Competem, ... não jogam.
Em 1977, na sua obra "O macroscópio: para uma visão global", o biólogo molecular Joel de Rosnay, escrevia o seguinte:
"Numa região do hipotálamo existem feixes de fibras nervosas que parecem desempenhar um papel essencial no sistema de recompensa do organismo. Se se estimular por meio de descargas eléctricas numa cobaia um destes feixes, o animal desata a comer com voracidade. Em presença de animais do sexo oposto copulará com frenesim. Se lhe deixarmos a possibilidade de ele próprio estimular este centro de prazer, ele próprio entregar-se-á, até à exaustão, a esta actividade narcisista levando a frequência dos estímulos até 8.000 por dia!"
Este cientista e futurista especulava sobre o facto de um ser vivo poder, directamente, estimular aquela região do cérebro (o hipotálamo), considerada a "parte primitiva do nosso sistema nervoso".
Creio que a sociedade humana desenvolveu essa faculdade. A humanidade, cujo desígnio segundo muitos, seriam as estrelas, encontra-se ocupada a tentar estimular o seu "cérebro primitivo", num frenesim de irracionalidade ao qual, nem o vislumbre da morte, parece pôr termo.