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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Património ou as "Coisas complicadas da Terra Tomarense"

Rui Ferreira


Tomar tem a barriga cheia de património, digo eu. Infelizmente os estômagos cheios provocam indigestões.
Consultando os canhenhos da história, na nossa terra não se tem sabido cuidar e valorizar o património.
Logo nos inícios do século XX, Tomar viu desaparecer uma ruína romana, visitada anualmente por milhares de pessoas, onde inclusivamente chegou a funcionar um pequeno museu.
Hoje em dia, Cardais não passa de um topónimo e os vestígios da sua vila rústica, - casa senhorial romana de proprietários agrícolas -, desapareceram para sempre sob as hortas e o casario moderno.

Após um século de natural e desejado desenvolvimento, as coisitas antigas que por aqui sobrevivem contribuem directa e inequivocamente para a indústria do momento: o Turismo. 

Tenho a certeza que quem nos visita e se detém alguns dias na cidade, não prescinde de visitar o centro histórico onde infelizmente a degradação dos edifícios, a falta de ordenamento das infraestruturas públicas e, sejamos francos, alguma ignorância, contribuem para uma paisagem edificada medíocre. 

A mediocridade com que temos cuidado, e continuamos a cuidar, o nosso património radica, na minha opinião, na nossa falta de formação cultural. Existe uma endémica indiferença pela coisa histórica. 

Por exemplo, há anos manifestei a minha indignação face ao abandono a que a Charolinha estava votada.
Cheguei mesmo a redigir um artigo para um jornal local. O minúsculo edifício do século XVI, escondido lá longe dentro da Mata dos Sete Montes, era como um caderno diário para malfeitores que nem escrever sabiam. Soube ainda que as frestas das suas janelas terão servido de alvo, em competições de pontaria... 

Congratulo-me agora com o restauro que aquele singular edifício sofreu. Graças às vontades do Município de Tomar, do Instituto Politécnico de Tomar e ainda de docentes e alunos do Curso de Conservação e Restauro do IPT, conseguiu-se travar a degradação da Charolinha e acabar com a vergonha que o seu estado nos causava.

Antes da intervenção era este o aspecto da Charolinha.




Após cerca de 500 horas de trabalho de uma equipa do IPT, com apoio logístico do Município de Tomar e do ICN.




Esta casa de fresco onde os frades da Ordem de Cristo se juntavam para, talvez, contar anedotas sobre o Frei António de Lisboa, está agora à nossa disposição mas também à nossa responsabilidade.
Visitem-na.

Fotos: Rosa Magalhães e Alunos do IPT

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