Carlos Trincão
Nestes dias em que decorrem as Jornadas Europeias do
Património, entendi que poderia ser interessante repescar um artigo que
publiquei no semanário Cidade de Tomar, em março deste ano.
Trata-se de uma abordagem em
torno do património vegetal que temos em Tomar.
O que adianto não é de fácil
concretização, tais os problemas a contornar. Nem sei mesmo se, ainda que
contornando questões de ordem burocrática e outras que tenham a ver com a
tutela do sítio para onde defendo a intervenção, seria possível enveredar por
tal caminho. De qualquer modo, arriscando a polémica ou a megalomania com que
possa ser vista a ideia que apresento, “pela rama”, aqui fica o meu contributo.
A Floresta das Lendas, a concretizar na Mata dos 7 Montes,
seria um projecto de animação turístico-cultural em torno das lendas, mitos,
fábulas, histórias tradicionais e contos populares, focando a sua
actividade na representação e recriação desse Património Imaterial, contribuindo
para a animação, recuperação e conservação do lugar, reforçarando a ligação ao Castelo/Convento
e enquadrando o imaginário templário como algo a explorar.
Seria um projecto etariamente transversal, que buscaria formas para ultrapassar constrangimentos
meteorológicos e incorporaria conceitos como parque temático, campo de férias, acampamento,
centro de recursos e recurso educativo, parque de merendas, percursos de lazer e
centro de interpretação da Natureza.
Aliar-se-ia a elementos de captação de visitantes, na
cidade, como restauração, alojamento e outros, podendo vir a estimular as
autoridades para a criação de outros equipamentos de acolhimento, como uma
Pousada de Juventude.
Seria um
projecto estimulador do crescimento do caudal de visitantes e de criação de
emprego, podendo recorrer a empresas e/ou entidades com actividade convergente.
Como as
árvores, seria um projecto em crescimento permanente.
A Floresta
das Lendas teria percursos para
descoberta de lendas, mitos, fábulas, histórias tradicionais e contos populares
assentes nos caminhos existentes ou na criação de ligações adicionais, perenes
ou efémeras, terrestres ou aéreas (passadiços), utilizando recursos naturais ou
construídos pré-existentes, ou a construir de forma sustentável e livre de
ruídos ambientais.
Por exemplo, o conto “A casinha de chocolate”
implicaria a instalação de um módulo em madeira (cabana), adaptável a outra
história ou lenda, sei lá… o “Capuchinho Vermelho”, em rotatividade a definir,
pois que seriam aconselháveis esquemas de exploração renováveis, com
rentabilização/adaptação dos recursos físicos naturais ou artificiais,
conseguindo-se um “parque temático” sempre diferente, logo potenciador de
visitas para os mesmos públicos em ocasiões diferentes. E multiplicar-se-iam as
cabanas para diversas histórias durante a visita.
Os seres mitológicos (dragões, grifos, unicórnios, sereias,
lobisomens, …) traduzir-se-iam em elementos escultóricos auto e inter-activos: em
Cracóvia, um dragão deita fogo regularmente ou quando é enviada uma sms para determinado número; ora, pelo
mesmo modo bateriam asas do Pégaso, o Minotauro rugiria ou um dragão fumegaria
pelas narinas… Pequenas esculturas de duendes, gnomos, fadas e anões
propiciariam pistas e informações.
Os desportos radicais convergiriam para a exploração
das histórias: parede de escalada para subir à torre da princesa, rappel para fugir do gigante do castelo
das nuvens (uma casa numa árvore), slide
para um Ícaro a voar e os tanques da Mata seriam fundamentais para lendas com a
água por referencial…
Como exploração educativa, a Floresta das Lendas teria
um Centro de Interpretação – filmes, música, vestuário, iconografia, informação
adaptada ao tipo de visita (individual, grupo, totalidade, ou parte, da oferta…),
biblioteca / mediateca, galeria de autores, atividades plásticas, …
A Floresta
das Lendas colaboraria com as escolas e com o Ministério da Educação.
A Floresta
das Lendas teria recepção, bilheteira e loja,
restaurante
e café/bar. Não se trataria de cobrar entradas para a Mata, mas sim cobrar
entradas para o usufruto das atividades que se escolhessem, em programas
pré-definidos e organizados ou, mesmo, para usufruto autónomo tendo por guias
aparelhagem adequada, aplicações digitais para telemóvel ou outras soluções.
Em poucas
palavras, a ideia seria levar à Mata dos 7 Montes mais um elemento de atração
de visitantes, potenciando-a e exponenciando-a com recursos de outra ordem já
existentes, como o Centro de Interpretação Ambiental.
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