APRESENTAÇÃO

“A TERRA DE QUE A GENTE GOSTA” é expressão que nos agrada. É sentida e é profunda, e é adotada como a ideia força de “TomarOpinião”.

Pretendemos oferecer críticas construtivas e diversificadas sobre os valores, as coisas e as atualidades da nossa terra, e não só. Pretendemos criar um elemento despertador de consciências e de iniciativas de cidadania, e constituir uma referência na abordagem descomprometida desses valores, dessas coisas e dessas atualidades.

Queremos, portanto, estimular o debate, de temas e de ideias, porque acreditamos que dele podem resultar dinâmicas de cidadania, que alicercem mudanças que por certo todos aspiramos.

“TomarOpinião” será um blogue de artigos de opinião e um espaço de expressão livre e responsável, diversificada e ampla.

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domingo, 10 de abril de 2016

TOMAR É O QUE?

António Lourenço dos Santos

A cidade já teve várias qualificações, que foram criadas para servir de mote a varias governações. Foram tentativas certamente bem-intencionadas de criar uma “marca”, que pudesse cunhar um desígnio para Tomar e imprimir um rumo ao desenvolvimento da cidade.
Recordamo-nos de 2 dessas marcas: Cidade Jardim e Cidade Templária. Que é feito delas?
A Cidade Jardim, apreciada à luz do presente, foi iniciativa falhada e infrutífera.
É que de jardins, estamos falados. Já houve, não há. Tivemos jardins-montra, jardins-lazer, jardins-convívio. Jardins de orgulho. Organizados, embelezados com flores, com arruamentos, ordenados e limpos. E havia jardineiros.
Hoje, há espaços desordenados-descuidados-degradados. O Mouchão, até tem uma picada por arruamento central. Espaços com erva onde já houve relva, restos de relva onde já houve flores, ferros onde já houve bancos, algazarras onde já houve musica, tendas onde já houve sombras, degradação onde já houve orgulho e harmonia. A Mata dos Sete Montes, um susto de degradação, por todo o lado. Uma ala central desprezada, arruamentos abandonados, floresta descuidada. Uma desilusão de desaproveitamento e de abandono.  O jardim da Várzea Pequena, sobrevive parcialmente, apesar de anémico. O da Praceta Raul Lopes, para fazer de conta. E outros…que mostram o falhanço do mote e a quase falência dos serviços municipais de parques e jardins. No presente, a originalidade é termos a tentativa de transferir os jardins para os passeios…

E a Cidade Templária, existe ou falhou também?
Desde logo, pouco se dá a conhecer, para alem de cruzes da Ordem de Cristo em bom tempo implantadas nalgumas calçadas, e de bandeiras hasteadas em tempo de qualquer festa. E do uso desordenado da “marca” e da cruz, aqui, ali e acolá, desde a pastelaria à agencia de viagens. Também temos uma festa-cortejo com arraiais e farturas à mistura, e benzedura do Vigário, e algumas Associações de extração recente, que reúnem publicas virtudes e vícios privados.
Um acervo monumental que vale por si, um legado histórico e cultural que adormece, uma implantação no território que está desaproveitada. Falta o Conceito, falta a Visão, falta a Competência.

Entretanto, estava esta Opinião em gesta, o Carlos Carvalheiro, (re)lança, ousado como é hábito, a Cidade Cultura. Desde logo, descanso porque esqueceu a sua original visão da Cidade jardim…
Ora bem, avança uma proposta (com 10 anos de idade…) que não é ousada, mas parece, que é muito sensata e que tem visão. Não é ousada apenas porque é natural. Na realidade, Tomar tem muitos elementos, específicos, que podem compor uma identidade completa e abrangente que tenha fundamento na Cultura. E que podem dar alma uma visão de desenvolvimento. Tomar desde sempre teve Cultura, desde os tempos da fundação do Castelo, da Charola e do Convento. E que Cultura! Boa ideia, esta, Cidade Cultural. Cultura abrangente, cultura criativa, cultura visionária. Realidade e Desejo, diz ele, o Carlos C.  Realidade que aspira por competência, digo eu. Utopia, seja. Aspiração, é.

Entretanto também, já surgiu uma quarta marca! E que confusão reina. Mesmo ao terminar deste apontamento, fomos surpreendidos com a criação ad hoc de mais uma marca para Tomar, a da “Feira da Laranja”. Esta, criada pela Senhora Diretora do Convento de Cristo, que afirmou, segundo consta da imprensa, que “este evento já é uma marca da cidade de Tomar…”. Está bonito…se a malta do vinho e do azeite se lembra…
Certo é que a cidade anda como um barco à deriva. Não está preparada para enfrentar ventos e tempestades, como bem se tem visto. O leme está desgovernado porque não tem rumo definido. Será esse o primeiro passo a dar para parar a deriva. Dar rumo. E desde logo, preparar a rota, renovar a frota, e organizar a equipagem.

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