APRESENTAÇÃO

“A TERRA DE QUE A GENTE GOSTA” é expressão que nos agrada. É sentida e é profunda, e é adotada como a ideia força de “TomarOpinião”.

Pretendemos oferecer críticas construtivas e diversificadas sobre os valores, as coisas e as atualidades da nossa terra, e não só. Pretendemos criar um elemento despertador de consciências e de iniciativas de cidadania, e constituir uma referência na abordagem descomprometida desses valores, dessas coisas e dessas atualidades.

Queremos, portanto, estimular o debate, de temas e de ideias, porque acreditamos que dele podem resultar dinâmicas de cidadania, que alicercem mudanças que por certo todos aspiramos.

“TomarOpinião” será um blogue de artigos de opinião e um espaço de expressão livre e responsável, diversificada e ampla.

tomaropiniao@gmail.com


segunda-feira, 4 de abril de 2016

ABRILADO ABALANÇAR

  Mário Cobra  

   Uma nesga de proximidade ao eventual leitor suscitou este pretensioso abrilado balanço (não autorizado) de um mês de existência do Thomaropinião, despique regado à mesa do petisco. Dirá de sua justeza o leitor mais cáustico, pois, conversa pífia, de engonhas, o petisco terá sido mesmo o ponto básico da ordem de trabalhos, partilha de ideias espera aí já perdem tempo com isso.  
     Mesmo assim, terá dito um participante dos cépticos que ainda não se encontra convencido dos blogues ofuscarem o aroma e ductilidade do papel/jornal (nem dará muito jeito levar o computador para a casa de banho, sala de leitura de quem assim obra. Obra lendo). Outro participante mais térreo disse acreditar no valor natural dos blogues como uma planta onde se podem colher frutos quase diariamente, necessitando para isso de cuidados constantes, como nas hortas se regam as novidades, mesmo opinativas. Sejam novidades da fava, da ervilha, do pepino ou do tomate. Outro participante assumiu quanto, mesmo escrevendo textos ditos “sérios” (não esquecendo que séria era nossa prima e foi o que viu), pois, mesmo assim, o entrelaço de opiniões o divertem à brava. Há pessoas de tal jaez, como há outras de diferentes quilates. Fica o registo de quanto a opinião pode ser um divertimento. Outro participante porque lhe dá jeito o bloguiano desabafo do momento, como alívio de bexiga, ou de paciência exaurida, já que, nos jornais, espaços disputados a peso de antiguidade ou estatuto, só se desafoga com data de sexta-feira, alvíssaras de distribuição à quinta, reflexo de quanto a notícia antes de o ser já o era. Outro participante assumiu ser detentor de talento para a piada, vulgo boca, fazendo mesmo um desenho para se fazer entender, mas o busílis reside no pormenor não despiciendo do jacto da verve demorar a aquecer os motores, muitas vezes só depois de muito bem regados…os motores. Outro participante lamentou a falta do imprescindível feedback, como se declamasse poemas do Bocage para uma plateia vazia. Para ele, escrever num blogue sem feedback será como comer frango assado sem picante. Outro participante admitiu que um blogue é o que cada um dos escreventes quiser que seja. Pois assim seja. Outro participante abordou a questão sempre lírica das motivações de quem escreve de forma constante num blogue: ou por interesse de promoção pessoal ou pela paixão pela escrita. Sendo que, tal como nos casamentos, se for por interesse certamente dura mais tempo. As paixões esgotam-se de forma mais rápida porque é da sua natureza, dá com força mas passa depressa.       
     Entrecruzaram-se falhas, omissões, quejandos e motivações. Uns porque prometeram participação asada e nunca sequer todavia contudo justificaram as faltas de comparência. São Relambório os castigue. Momento ainda para glosar um artefacto quando se constatou que um novo colaborador indicado por um dos bloguistas já se havia finado há uns meses. Oportunidade do Thomaropinião se promover a nível mundial e arredores caso o defunto, lá da esvaída bruma da eternidade, pudesse colaborar com  prosa digna de epifania “Convidado a participar no Thomaropinião, na qualidade de falecido posso testemunhar que o Paraíso existe, fica na Corredoura. Sinto saudades do café porque aqui nem o cheiro”. Outros porque os afazeres não lhes permitem, outros porque a sua vida não é esta, outros porque quem muito burros toca, todos ficam para depois (anda burro que amanhã é sábado). Outros porque torna, outro porque deixa…porque deixa andar.
     Por isso, em conclusão, deixa andar e logo se vê onde isto vai parar. Valha a verdade, o vinho branco animou o palato justificando a croniqueta ora escorrida.



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