Mário Cobra
Uma nesga de
proximidade ao eventual leitor suscitou este pretensioso abrilado balanço (não autorizado) de um mês de existência do Thomaropinião, despique regado à mesa do
petisco. Dirá de sua justeza o leitor mais cáustico, pois, conversa pífia, de engonhas,
o petisco terá sido mesmo o ponto básico da ordem de trabalhos, partilha de ideias
espera aí já perdem tempo com isso.
Mesmo assim, terá dito um participante dos cépticos que
ainda não se encontra convencido dos blogues ofuscarem o aroma e ductilidade do
papel/jornal (nem dará muito jeito levar o computador para a casa de banho,
sala de leitura de quem assim obra. Obra lendo). Outro participante mais térreo
disse acreditar no valor natural dos blogues como uma planta onde se podem
colher frutos quase diariamente, necessitando para isso de cuidados constantes,
como nas hortas se regam as novidades, mesmo opinativas. Sejam novidades da
fava, da ervilha, do pepino ou do tomate. Outro participante assumiu quanto,
mesmo escrevendo textos ditos “sérios” (não esquecendo que séria era nossa
prima e foi o que viu), pois, mesmo assim, o entrelaço de opiniões o divertem à
brava. Há pessoas de tal jaez, como há outras de diferentes quilates. Fica o
registo de quanto a opinião pode ser um divertimento. Outro participante porque
lhe dá jeito o bloguiano desabafo do
momento, como alívio de bexiga, ou de paciência exaurida, já que, nos jornais,
espaços disputados a peso de antiguidade ou estatuto, só se desafoga com data
de sexta-feira, alvíssaras de distribuição à quinta, reflexo de quanto a
notícia antes de o ser já o era. Outro participante assumiu ser detentor de
talento para a piada, vulgo boca, fazendo mesmo um desenho para se fazer
entender, mas o busílis reside no pormenor não despiciendo do jacto da verve
demorar a aquecer os motores, muitas vezes só depois de muito bem regados…os
motores. Outro participante lamentou a falta do imprescindível feedback, como
se declamasse poemas do Bocage para uma plateia vazia. Para ele, escrever num
blogue sem feedback será como comer frango assado sem picante. Outro
participante admitiu que um blogue é o que cada um dos escreventes quiser que
seja. Pois assim seja. Outro participante abordou a questão sempre lírica das
motivações de quem escreve de forma constante num blogue: ou por interesse de
promoção pessoal ou pela paixão pela escrita. Sendo que, tal como nos
casamentos, se for por interesse certamente dura mais tempo. As paixões
esgotam-se de forma mais rápida porque é da sua natureza, dá com força mas
passa depressa.
Entrecruzaram-se falhas, omissões, quejandos e
motivações. Uns porque prometeram participação asada e nunca sequer todavia
contudo justificaram as faltas de comparência. São Relambório os castigue. Momento
ainda para glosar um artefacto quando se constatou que um novo colaborador
indicado por um dos bloguistas já se havia finado há uns meses. Oportunidade do
Thomaropinião se promover a nível
mundial e arredores caso o defunto, lá da esvaída bruma da eternidade, pudesse
colaborar com prosa digna de epifania “Convidado a participar no Thomaropinião, na
qualidade de falecido posso testemunhar que o Paraíso existe, fica na
Corredoura. Sinto saudades do café porque aqui nem o cheiro”. Outros porque
os afazeres não lhes permitem, outros porque a sua vida não é esta, outros
porque quem muito burros toca, todos
ficam para depois (anda burro que amanhã é sábado). Outros porque torna,
outro porque deixa…porque deixa andar.
Por isso, em conclusão, deixa andar e logo se vê onde
isto vai parar. Valha a verdade, o vinho branco animou o palato justificando a
croniqueta ora escorrida.
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