Carlos Carvalheiro
Tomar está um frenesim. E não falo do aumento de turistas, das esplanadas que se vão enchendo pela cidade, dos eventos que vão desfilando tanto na cidade como nas aldeias. Falo do investimento em Tomar de grandes superfícies, como o Pingo Doce ou o Lidl, isso sim, um indicador objetivo.
Quando vou a Inglaterra, se posso, vou a Stratford-upon-Avon, que é a terra natal de Shakespeare. É uma cidadezinha que continua a atrair, diariamente, uma chusma de gente, entre turistas e estudantes, que se passeia entre a casa onde dizem que o Shakespeare nasceu e o teatro (Royal Shakespeare Company) e as lojas de produtos shakespeareanos e as livrarias com livros de e sobre Shakespeare e os pubs com imagens de Shakespeare ou de peças dele e outras invenções turísticas do género.
Aparentemente aquela terra vive da atração que o Shakespeare exerce sobre as pessoas e eu sou só mais um exemplo da sua eficácia.
E o que é espantoso é que o homem só escreveu 39 peças de teatro e há 400 anos (6 das quais feitas pelo Fatias de Cá: Hamlet, A Fera Amansada, Sonho de uma Noite de Verão, A Tempestade, Richard III e Lear).
Mas, dizia eu, o homem, tenha ou não sido ele a escrever as 39 peças de teatro, continua a gerar um interesse generalizado e a vender todos os dias.
Ora, comparar Stratford com Shakespeare e Tomar com os Templários é um exercício óbvio. O que falta em Tomar para conseguir, como Stratford, atrair tanta gente?
Fora de brincadeiras: se vivêssemos não sei onde e soubéssemos que existe uma cidade chamada Tomar, no coração de Portugal, com boas acessibilidades, que se assume como cidade templária, e estivéssemos dispostos a vir do fim do mundo para a visitar, o que é que gostaríamos de vir aqui encontrar para levarmos de volta uma memória dos Templários e da sucedânea Ordem de Cristo, a executora do desígnio templário de “se mais mundo houvera lá chegara”?
É a resposta a esta pergunta que vale milhões de euros.
ps: quem não sofre de frenesim são os serviços camarários responsáveis pelos “mupis” iluminados: pelo menos dois deles, um em frente ao antigo Liceu e outro junto aos correios, continuam a divulgar a comemoração dos 725 anos da Universidade de Coimbra que terminou em dezembro passado…
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